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OPINIÃO: Um domingo inesquecível

Era o dia em que se celebrava o Dia das Mães. Liturgicamente, o domingo era dedicado ao Bom Pastor. Estava presidindo a terceira missa do domingo. Havia pregado em todas as homilias que o Bom Pastor disfarça-se de muitas roupagens e personagens, como de mães, de pobres, de crianças, de enfermos, de amigos ou ainda, às vezes, mostra-se através de sinais ou palavras. Até aí, nada de novo!

No entanto, surpreendentemente, ao celebrar a última missa do dia, na Igreja Matriz Nossa Senhora das Dores, às 19 horas, entra um jovem, com boné na cabeça, percorre todo o corredor central do templo, posta-se no primeiro banco, tira o boné e permanece em pé de frente para o altar, imóvel e de olhar fixo no presidente da celebração.

No momento da comunhão, quis fazer um gesto de distinção para as mães, pedindo que viessem receber a comunhão de minhas mãos para que eu pudesse lhes dizer uma palavra especial em seu dia. Imediatamente fui rodeado de mães e, eis que no meio das mães estava o aparente desconhecido que me estendeu a mão, abraçou-me, segurou-me firme, como o amigo mais íntimo, e demorou um tempo para desprender-se de meu pescoço, beijou-me e foi embora... Dei-me conta de que ali estava o Bom Pastor. Havia dito em todas as celebrações que muitas vezes passaríamos por Ele ou que Ele passaria por nós, mas que precisávamos estar atentos, pois Ele viria disfarçado de jovem, de criança, de mãe, de pai ou de algum gesto.

Não sei se Deus quis presentear-me com o abraço surpresa, mas certamente quis expressar o que rezava o Evangelho do dia: "aqueles que o Pai me dá ninguém arranca de minha mão", e eu experimentei na própria carne essa afirmação. Senti-me segurado firmemente pelos braços do Bom Pastor, confirmando tudo o que havia pregado aos fiéis. Experiência inusitada, inexplicável, emocionante!

Quem sabe para muitos, aquele foi um fato comum, mas para mim, e creio que para os que presenciaram, sem dúvida, foi um sinal de carinho e de confirmação.

Tenho absoluta certeza de que era o Bom Pastor disfarçado em um jovem pobre, dependente químico, assim como poderia ser em um estrangeiro. Não importa a imagem e muito menos a roupagem, sem nenhuma palavra, a verdade é que ele tinha braços, tinha afeto, tinha calor humano, tinha sensibilidade. Garanto-lhes que o reconheci e sou grato a Deus pelo carinho. Sou profundamente reconhecido por ter, justamente no Dia das Mães, recebido este abraço especial, pois eu não tenho mais mãe para abraçar e ser abraçado, mas fui abraçado, quem sabe como poucos neste Dia das Mães. Por isso, afirmo: domingo inesquecível, domingo único, passará para a história de minha vida, como mais um sinal de ternura de Deus

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